Este é um resumo do que foi dito por Andrew Harper, Conselheiro Especial sobre Ação Climática do Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados - a quem se pode atribuir o texto citado - na conferência de imprensa no Palais des Nations, em Genebra.
Pela primeira vez, as vozes dos refugiados e deslocados das linhas da frente do clima ecoaram dentro dos salões da conferência da ONU sobre as alterações climáticas. Este ano, na COP27, pessoas deslocadas do Sudão, Iémen, Níger e não só, advertiram para o facto de quase todas as suas tentativas de adaptação às drásticas alterações ambientais são ultrapassadas pela velocidade da mudança climática.
Os refugiados e deslocados estão entre os mais expostos à crise climática, muitos procuram segurança nos países que menos contribuem para o agravamento das alterações climáticas e que possuem menos recursos para se adaptarem.
Camarões - As águas do rio Logone inundaram o bairro de Madagáscar, distrito de Kousseri, procovando a deslocação forçada de milhares de pessoas. © UNHCR/Moise Amedje Peladai
Os deslocados também esperam ter lugar nas mesas de negociação da COP28 para garantir que não sejam tomadas decisões sem terem a oportunidade de ser escutados.
O ACNUR reiterou que os líderes mundiais têm a responsabilidade de assegurar que o financiamento das ações contra as alterações climáticas não só chega aos países vulneráveis ao clima, mas também às pessoas deslocadas e às suas comunidades de acolhimento. Mais de 70% dos deslocados no mundo são provenientes dos países mais expostos aos efeitos climáticos, sendo essencial o reconhecimento explícito dos refugiados e deslocados no documento final da COP27. É urgente existir um apoio dedicado e um financiamento de grande escala para estes países, uma vez que são também quem tem proporcionado proteção aos refugiados durante décadas.
Uma vista aérea das águas em declínio do lago Mahmouda, na Mauritânia. © ACNUR/Colin Delfosse
Os pedidos de ajuda das pessoas deslocadas, das suas comunidades e países de acolhimento só se farão ouvir mais alto se forem envolvidos na discussão, razão pela qual as perdas e danos devem tornar-se um ponto de ordem fixo na agenda da COP.
Moçambique - Deslocados internos começam a reconstrução depois da destruição do Ciclone Gombe em Nampula. As suas casas foram destruídas pelo ciclone Gombe, em março de 2022, tendo perdido as suas colheitas. Cerca de 80% dos abrigos que acolhem cerca de 9.300 refugiados ficaram danificados. © UNHCR/Hélène Caux
Tomando o exemplo de Moçambique, é devastador o duplo impacto dos desastres climáticos e de um violento conflito que deslocou perto de 1 milhão de pessoas, desde 2017. Moçambique, um dos países mais vulneráveis ao clima, é agora o lar de mudanças que levam a eventos climáticos extremos, tais como ciclones e tempestades tropicais, que se estão a tornar mais frequentes e intensas. Em 2022 o país já suportou cinco tempestades e ciclones tropicais.
Vamos, juntos, inverter esta realidade.
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