Emergências

Por trás dos terramotos: 12 anos de crise

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Dom, 03/12/2023

A população síria vive há 12 anos debaixo de ataques. Muitos anos após o início da guerra, a sua situação ainda é crítica e mais de 15 milhões de pessoas precisam de ajuda imediata. Além disso, as consequências devastadoras dos terramotos do passado mês de fevereiro no noroeste do país tornaram a sua situação ainda mais vulnerável.

Durante estes 12 anos de crise na Síria, o ACNUR tem apoiado pessoas refugiadas e deslocadas internas, e continua a fazê-lo mais de uma década após o início do conflito.

Muitos dos filhos da Síria apenas conheceram a guerra e a fuga. Mais de uma década de bombas e ataques deixaram trauma, sofrimento, milhares de mortos e um dos maiores êxodos da história recente. Uma geração inteira de sírios está em perigo, mas esta emergência é cada vez mais afastada das luzes da ribalta dos media.

O conflito na Síria continua sem abrandar e as necessidades crescem a cada dia. É necessária uma ação urgente e enérgica por parte da sociedade e dos Estados. É necessário um forte empenho da comunidade internacional para enfrentar os desafios que se avizinham. O apoio internacional permite às comunidades de acolhimento alcançar os seus objetivos, e aos refugiados construir um futuro digno através da educação, do trabalho e do acesso aos cuidados de saúde.

"O conflito na Síria durou quase tanto tempo como a Primeira e Segunda Guerras Mundiais juntas. Toda uma geração de crianças só conheceu dificuldades, destruição e privação.” 
Mark Lowcock, Coordenador do Socorro de Emergência (ONU)

A deslocação forçada continuará em 2023. Atualmente, a Síria possui o maior número de deslocados internos do mundo, um total de 6.8 milhões de pessoas. É provável que a difícil situação socioeconómica continue a agravar-se e tenha um impacto negativo nos refugiados, comunidades de acolhimento e deslocados internos.

Terramoto: uma crise dentro de outra

A 6 de Fevereiro, dois terramotos na Turquia e na Síria de 7,8 na escala de Ritcher causaram mais de 47.000 mortes e milhares de pessoas feridas e desaparecidas em ambos os países.

Os mais recentes dados apontam um total de 8.8 milhões de pessoas afetadas pelos terramotos e pelo menos 50 mil famílias, cerca de 250 mil pessoas, deslocadas nas regiões de Aleppo, Homs, Hama e Latakia. Nesta região no Noroeste da Síria, mais de 4 milhões de pessoas já estavam dependentes da ajuda humanitária, sendo a maioria delas mulheres e crianças.

© UNHCR/SYRIA

Para além dos milhares de mortos e feridos, estradas, infraestruturas e edifícios foram afetados numa área já terrivelmente danificada pela guerra. “Isto é uma crise dentro de uma crise”, alerta Sivanka Dhanapala, representante do ACNUR na Síria. “Trata-se de pessoas que vivem em condições muito difíceis, em habitações muito frágeis e, claro, que foram as mais afetadas", acrescenta.

O ACNUR está a fornecer proteção, incluindo apoio psicossocial, proteção infantil, assistência aos sobreviventes da violência baseada no género, apoio jurídico, etc. às comunidades afetadas em Alepo, Hama, Homs e na zona costeira. Além disso, estão a distribuir kits de artigos básicos de emergência (cobertores térmicos, colchões e tapetes de dormir), tendas familiares e coletivas, vestuário de clima frio, entre outros itens essenciais para a sobrevivência.

© UNHCR/Hameed Maarouf

Em janeiro de 2023, ainda antes dos terramotos, as Nações Unidas já estimavam a existência de 15.3 milhões de pessoas a necessitarem de ajuda humanitária na Síria, um aumento de 5% em relação ao ano anterior.

O ACNUR está no terreno e sabe como salvar vidas, mas não o pode fazer sozinho. O ACNUR estima que seja necessário um financiamento de mais de 48 milhões de euros para dar resposta a esta emergência e apoiar cerca de 385 mil pessoas que enfrentam uma situação dramática.

Ajude as famílias sírias que perderam tudo.